9 de julho de 2012

Projeto de Equoterapia da Unisul auxilia crianças e adolescentes

A atividade é realizada uma vez por semana e além dos benefícios físicos também ajuda a criar autonomia e melhorar a confiança e autoestima

Equoterapia Unisul terapia com cavalos
Contato com o animal auxilia o interesse

Com atividades lúdicas e o auxílio de cavalos, que se tornam amigos, crianças e adolescentes de três a 15 anos conseguem superar suas limitações no projeto de Equoterapia do curso de fisioterapia da Unisul (Universidade do Sul de Santa Catarina), realizado no CTG Os Praianos, em São José. O grupo tem pessoas com necessidades especiais, Síndrome de Down, paralisa cerebral, déficit de atenção e hiperatividade. Para eles o aprendizado vai além do físico.
Noções de equilíbrio, confiança e autonomia são apenas alguns dos inúmeros benefícios da atividade. Os praticantes criam uma relação de afeto entre eles e também com o cavalo, instrumento fundamental no processo. Jaque e Tubiana, nome carinhoso dado as duas éguas que auxiliam na terapia, são as mais queridas da turma. A equipe básica é formada por fisioterapeuta, psicólogo e equitador. Durante o trajeto o praticante vai alterando as posições sobre o cavalo e praticando exercícios de estimulação sem nem perceber.
Rafael Vilvert Assing, 3, relaxa sobre a amiga Jaque. Durante o trajeto, paralelo aos exercícios, o pequeno faz carinho na égua e esbanja alegria. Rafael tem síndrome de Down e hipotonia muscular, uma espécie de fraqueza dos músculos. Mas durante a montaria nada disso aparece, fazendo o “avião”, montado no cavalo sem o apoio das mãos, ele mantém o equilíbrio e atende todas as solicitações e estímulos durante o trajeto. A mãe dele, Tatiane Assing, 31, diz que é um prazer trazê-lo para atividade e vê o quanto ajuda. “Aqui encontramos parceiros de verdade, ele está com mais força. Não é uma obrigação, como às vezes se tornas a fisioterapia em uma sala fechada, faz bem para ele e para mim”, relatou.
Atividade melhora qualidade de vida
As sessões são de 30 minutos, uma vez por semana. O tempo é dividido em três partes: os primeiros cinco minutos é o período de aproximação do cavalo, a montaria, momento em que são feitos exercícios, dura 20 minutos e os últimos cinco são separados para o processo de separação do animal.
O coordenador do projeto Júlio Cesar de Araújo, explica que o movimento do cavalo é tridimensional, para cima e para baixo, para os lados e para frente e para trás, o que estimula ainda mais o equilíbrio. A atividade alonga os movimentos do praticante e alivia o stress, que se não for tratado, piora o quadro clínico do indivíduo. “O cavalo vira um amigo, só essa relação de afeto já ajuda. Em alguns casos não conseguimos eliminar a dificuldade ou limitação da pessoa, mas conseguimos melhorar a qualidade de vida dela e a interação do praticante com o meio”, afirmou Araújo.
Os praticantes inclusos no projeto, atendidos gratuitamente, não teriam condições de pagar uma atividade deste tipo. A mensalidade média na Capital passa dos R$300 para a prática uma vez por semana. Para Eliana Branco, 43, o projeto é um presente para a filha Anaille Branco, 12, que tem paralisia cerebral. Até os sete anos, quando começou a praticar a equoterapia, a menina não caminhava e hoje conseguir andar passo a passo sem o auxílio de muletas.
Segundo a mãe, a atividade é complementar às cirurgias e a fisioterapia tradicional que a filha precisa fazer. Porém garante que a equoterapia ajudou muito no equilíbrio, concentração e auto-estima da menina. No cavalo, Anaille consegue ficar de joelhos, até sem o apoio das mãos, e faz os exercícios mais difíceis, mesmo para uma pessoa que não tenha dificuldade motora.
Para os estagiários a experiência também é única. Como profissionais, além de aprenderem a técnica na prática, eles estreitam a relação com o praticante. “Nosso ganho é ver o desenvolvimento e alegria deles. Em nossa profissão não tem como não pensar no paciente, nosso trabalho é eles. É ver o resultado para eles”, disse Nicolas Baldessar, 24, estudante de fisioterapia.
Saiba Mais:
O projeto é feito em parceria. A Unisul cede os profissionais, o CTG os Praianos cede o espaço e os sócios do CTG, os cavalos. Os interessados em participar devem entrar em contato pelo telefone (48) 3279-1126 e deixar o nome e contato na lista de espera da clínica-escola do curso de fisioterapia da Unisul. O projeto entrou em recesso e reinicia as atividades na segunda quinzena de agosto

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