13 de novembro de 2011

SC recebia os primeiros grupos escolares há cem anos. Confira o início de série especial

Há 100 anos, Santa Catarina recebia os primeiros grupos escolares

Até sábado, Diário Catarinense publicará série de reportagens sobre o tema

Júlia Antunes Lourenço | julia.antunes@diario.com.br

O Brasil vivia o 22º ano de República. Governistas queriam mostrar que as ideias do Império estavam superadas e nada tinham a ver com os novos ideais. Entre as bandeiras levantadas pelos republicanos estava a da educação, com a criação dos grupos escolares. Públicos, eles ofereciam o ensino primário e graduado. A novidade começou por São Paulo, nos anos de 1890 e chegou a Santa Catarina em 1911, durante o governo Vidal Ramos.

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Cem anos depois, algumas daquelas ideias, consideradas revolucionárias para a época, ainda se encontram em sala de aula: carteiras enfileiradas, turmas divididas por série conforme a idade, celebração das datas cívicas, a figura do diretor e um professor para cada turma, que ensinava a todos os estudantes ao mesmo tempo.

Confira a galeria 100 anos de grandes liçõesEntre 1911 e 1913, sete foram inaugurados, em seis cidades de Santa Catarina. O primeiro deles, que marca o centenário desta história no próximo 15 de novembro, foi o Conselheiro Mafra, em Joinville. Em 1912, os grupos foram fundados em Laguna e Florianópolis e no ano seguinte, em Lages, Itajaí e Blumenau. Passou um intervalo de cinco anos, para que os próximos surgissem.

— Mas eles já não eram mais tão modernos e ricos como na década de 1910, e nem tinham mais a mesma qualidade — esclarecem os pesquisadores e educadores Gladys Teive e Norberto Dallabrida, que há mais de cinco anos estudam o assunto e em dezembro lançarão um livro, recontando esta história.

Para implementar os grupos em Santa Catarina, o governador Vidal Ramos convidou o professor paulista Orestes Guimarães. De acordo com Gladys, Guimarães trazia na bagagem a experiência de diretor do maior grupo escolar de São Paulo. Por isso, ele chefiou a missão catarinense e ganhou o cargo de inspetor geral do ensino.

— Orestes tinha um pulso firme. Tanto que implantou os sete grupos escolares e cuidou para que tudo se mantivesse conforme o estipulado — conta Gladys.

Prédios para serem vistos e admirados
A modernização da educação pedia prédios à altura. Construídos em traços neoclássicos, eram imponentes — para entrar neles é preciso subir escadas — e divididos em alas feminina e masculina. Meninos e meninas não podiam se cruzar, por isso o lado esquerdo e direito eram idênticos, cada um com a sua entrada. Além disso, eles foram erguidos no centro das cidades, para que fossem vistos.

Eram chamados de "as vitrines da república". Gladys e Dallabrida contam que o Estado ficou por anos com dívida externa, devido aos gastos para se construir os grupos.

Tombados como patrimônio histórico — exceto os prédios de Joinville e Blumenau, que foram destruídos — os grupos permanecem com a construção original até hoje. No alto das paredes externas, à frente do prédio, é possível ler "secção masculina" ao lado esquerdo, e "secção feminina", ao direito. No meio, o brasão da República. Outra característica comum a todos é o pátio interno, onde os alunos cantavam os hinos: nacional, da bandeira, do estado, da cidade e faziam apresentações.

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